Uma mente em conflito. Duas línguas e uma montanha de livros—em ambas as línguas.

Comecei a ser alfabetizado em inglês quando morávamos em Boston por conta dos estudos do meu pai. Naquele momento, eu mal sabia onde estava e, evidentemente, não passou pela minha cabeça que aquela bela cidade me abrigaria algumas outras vezes no futuro.

De volta ao Rio de Janeiro, começou outra alfabetização e uma confusão mental que carrego comigo até hoje. Por exemplo, às vezes escrevo um texto inteiro em português e só lá pela terceira leitura de revisão é que percebo uma ou outra palavra em inglês. Esse bug mental é algo que eu adoraria capturar em tempo real, mas meu cérebro parece mais esperto que ele mesmo e camufla o momento da permuta brilhantemente.

2025.01-29-11.01-blackwells-bookshop.jpg Livraria Blackwell’s em Oxford.

A propósito, o mesmo acontece quando falo e, se for algo muito sutil, não regravo aquela parte do vídeo. Portanto, se você prestar muita atenção, notará que às vezes começo a primeira sílaba de uma palavra em inglês, mas logo percebo e volto para o português.

O problema mais sério, entretanto, está ligado às complicações usuais dessa nossa língua tão confusa. Entendo que quando aprendemos a escrever é normal ficar em dúvida entre o “ss” ou “ç”, por exemplo. Mas no meu caso, o caos reinava absoluto, com a confusão se estendendo ao “c” e até o “s”. Que, diga-se de passagem, às vezes tem uma crise de identidade achando que é um “z”. Assentos, digo, acentos, melhor nem falarmos sobre isto.

Com o tempo, o problema passou a me incomodar cada vez mais na escola. “Como é que as outras pessoas sabem quando usar as letras certas e eu não?” O mais estranho é que minha irmã também foi para a escola nos EUA e não tinha os mesmos problemas que eu. Uma vez perguntei como ela sabia que letra usar e a resposta “não sei como sei, só sei”, só serviu para criar em mim ainda mais desconforto mental.

Hoje em dia, acredito que a nossa diferença de idade foi suficiente para estarmos expostos a momentos distintos nas escolas nos EUA e no Brasil. Isso talvez explique a situação, já que ela nunca passou pelo processo de alfabetização nos EUA.

Enfim, quando na adolescência perguntei para uma amiga o mesmo, a resposta foi direta: “acho que você precisa ler mais”. Pensei sobre o assunto e achei que fazia sentido. Seria como aprender por força bruta. De tanto ver palavras, eu provavelmente atingiria o nível “só sei que sei” da minha irmã. Dito e feito. Outro dia, estava num café dizendo à dona que eu não sabia explicar a razão, mas achava que a vírgula que ele colocou numa placa não deveria estar ali.

Sempre gostei de ler, mas naquele dia resolvi mergulhar na maior aventura literária da minha vida. De livros a bulas de remédios. Se algo contendo letras aparecesse na minha frente, eu começava a ler. Aliás, é um hábito que carrego comigo até hoje. Leio tudo o tempo todo.

Porém, para não destruir o que eu já sabia de inglês, decidi que, se eu pudesse comprar um livro no original em inglês, eu faria isso. Por outro lado, autores brasileiros e os que não fossem de países cuja língua era o inglês, como Hermann Hesse, Gustave Flaubert, etc., eu leria em português. Obviamente.

Em pouco tempo, meu quarto de adolescente foi transformado numa biblioteca. Havia livros por toda parte. A quantidade era tamanha que foi provavelmente por conta deles que minha alergia piorou tanto. A decisão não foi fácil, mas depois de tantas consultas médicas, estava claro que eu precisava me livrar das minhas preciosidades. O que mais me doeu deixar partir foi a coleção completa do meu autor preferido, Fernando Sabino. Não foi nada fácil encontrar alguns dos livros que já não eram mais impressos e, além de adorar o estilo de escrita dele, chegamos a trocar algumas cartas. Enfim, foi triste me desfazer daquelas joias.

Do papel ao digital

E é aqui que duas de minhas paixões se cruzam. Meu primeiro eReader não foi um Kindle, nem o app da Amazon, foi o Palm. Havia um leitor bastante rudimentar, o PalmReader, onde era possível ler os livros em domínio público disponíveis para download no site Project Gutenberg. E foi assim, naquela telinha mínima, que li clássicos como “1984”. Todos em inglês.

Algum tempo depois, em 2000, surgiu o serviço Mobipocket, onde comprei meu primeiro livro eletrônico, Piloting Palm. Em 2005, a empresa foi adquirida pela Amazon e, ironicamente, o Piloting Palm nunca foi lançado em formato Kindle.

O aplicativo Mobipocket usava o formato .mobi, que foi adotado por diversos livros eletrônicos vendidos na Amazon. Porém, como havia uma diferença entre o DRM usado nos livros de ambas as lojas, nunca pude ler minha cópia digital do Piloting Palm no Kindle.

Lembro de ter ficado chateado com a situação, mas tenho certeza de que não percebi que aquilo já era o embrião de um enorme inconveniente que afeta amantes da literatura hoje em dia. Aliás, é assim, por meio de soluções extremamente convenientes e simples de usar, que muitas empresas nos prendem a seus ecossistemas. É como estar em uma prisão ao ar livre. Parece ser cada vez mais difícil fazer o que desejamos, apesar de estarmos aparentemente livres. A Apple é um exemplo clássico, mas não é a única.

Algumas décadas depois, finalmente resolvi o meu problema, mas, a esta altura, minha cópia digital do Piloting Palm já havia desaparecido no tempo. Abordo esse tema em mais detalhes no vídeo abaixo.

A solução técnica vem de um aplicativo chamado Calibre. Com ele é possível remover a proteção conhecida como DRM que impede que livros eletrônicos sejam lidos em aplicativos diferentes dos ligados à empresa onde foram comprados. No vídeo abaixo, demonstro como é possível fazer isso.

Minha biblioteca digital está finalmente livre e reside em uma pasta do Obsidian. Em outras palavras, está sendo sincronizada com meus outros dispositivos e, ao mesmo tempo, faz parte das rotinas regulares de backup do meu computador.

Essa foi a última etapa do meu projeto Homem das Cavernas Digital, o que significa que agora tenho controle total sobre todo meu conteúdo digital. Aliás, que fique bem claro que não concordo com pirataria e não alimento essa prática. A única razão pela qual removi o DRM dos meus livros foi para que eu pudesse ter escolha. Em outras palavras, quero poder decidir onde ler os livros que comprei.


Seus livros Kindle NÃO são seus!

Não concordo com as práticas das grandes corporações no que se refere à comercialização de eBooks, mas não concordo com pirataria e de forma alguma quero prejudicar o autor. Em outras palavras, estou às voltas com mais um dilema moral.

Transcript


Estou editando dois vídeos complementares sobre o assunto #DRM. Em um deles, explico como usar o #Calibre para remover DRM de eBooks #Kindle e #Kobo e como mantenho minha biblioteca no #Obsidian. Este é um vídeo mais técnico que publicarei no canal vladcamposTV.

Há um outro em que explico minhas razões para fazer isto e qual a minha opinião a respeito de DRM. Este segundo, como é em formato de “conversa”, vai para o canal VCP 2.0 e também para o podcast.

Ambos estão gravados e se tudo correr bem, serão publicados amanhã. A propósito, estou cada vez mais contente com a decisão de separar diferentes formatos de conteúdo em dois canais.


Descobri a @shifter.pt por acaso no Bluesky e a cada momento fico mais encantado com o projeto.


Você já deve ter visto em vários dos meus vídeos uma página inicial que uso no meu #Obsidian. É uma parte importantíssima do meu sistema de trabalho que existe graças ao plugin Homepage.


Há uma pequena lista de coisas que nunca consegui fazer no #Evernote e que são relativamente simples no #Obsidian. Dentre elas, transformar parte das minhas notas em posts.

Houve algumas ferramentas, como o Postashio, que tentaram fazer essa mágica acontecer lá no elefante, mas nenhuma deles jamais funcionou tão bem quanto as opções que testei até o momento no Obsidian.

Esse texto, por exemplo, foi escrito no meu Android em uma nota do Obsidian e graças ao plugin Micro.publish ela foi convertida em um post assim que terminei de escrever.

Nenhuma complicação ou dificuldade. Apenas um simples comando e você está lendo algo que escrevi usando meu telefone e sentado na minha varanda depois de voltar de uma corrida 😉

Sim, é possível fazer o mesmo usando um app de qualquer rede social. Mas isto aqui é o meu blog, com as minhas regras e com uma cópia dos meus posts arquivados no meu computador.


Dormindo em serviço 😊

Um cachorro preto (o Cafeína) deitado em uma coberta ao lado de uma parede com azulejos azuis.

Você sabia que é possível ter um quadro #Kanban no #Obsidian? Neste vídeo, demonstro como fazer isso, usando um exemplo real. E o melhor é que todos os fluxos de trabalho que criei estão perfeitamente integrados ao funcionamento do Timeline System no meu cofre.


Se algum dia você já teve curiosidade de saber o que há por detrás da câmera no meu estúdio, este é o momento de descobrir. Finalmente publiquei um tur no canal VCP 2.0

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Migrar para o Obsidian foi a melhor decisão que tomei.

A entrevista do CEO do Obsidian concedida ao Decoder confirmou algo que eu já havia percebido. Minha decisão de migar envolveu muito mais do que tecnologia. Existe uma forte questão de princípios e valores com os quais estou alinhado.


Redes Sociais—um dilema ético.

Há algum tempo que venho refletindo sobre minha relação com as redes sociais. Quando percebi que não me faziam bem, fui gradualmente abandonado uma a uma. Não foi fácil, mas hoje me sinto muito mais tranquilo e muito mais em paz comigo.

Porém, é inegável o impacto que a minha decisão teve e continua a ter no meu lado profissional. Certamente prejudiquei e continuo a prejudicar a divulgação da minha atividade profissional. Por outro lado, quanto mais entendo sobre o funcionamento dessas redes centralizadas, mais tudo isso passa a ter um lado ético muito forte.

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Transcript


Existem dois tipos de plugins no #Obsidian. Os nativos e os não oficiais. Eles funcionam mais ou menos da mesma forma, mas existem algumas diferenças. Se você precisa de ajuda no assunto plugin, esse vídeo é para você.


Se você tem a necessidade de criar cartões nos seus quadros do #Trello a cada semana, mês ou ano (automaticamente), o Power-Up Repetidor de Cartões é uma boa opção.


Este é um teste para verificar se está tudo correto com as configurações do Micro.publish. Para quem não conhece, com este plugin é possível publicar notas do #Obsidian em um blog criado com o Micro.blog.


Quase 10 anos de YouTube: aprendizados e planos.

No próximo ano, completo 10 anos no YouTube, mas, honestamente, parecem uns 30. Enfim, talvez você já tenha percebido que ando investindo muito tempo na organização do canal principal, mas há mudanças acontecendo em toda parte. E o plano para hoje é conversar sobre isso.

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Há certas coisas que você realmente precisa aprender. #Markdown faz parte de uma lista de raridades que são extremamente úteis e, ao mesmo tempo, muito fáceis de aprender e de usar. Aprenda e use. Você não vai se arrepender.


O plugin Bases criou um super #Obsidian

O Bases é um plugin do próprio Obsidian que transforma informações que temos nas propriedades das notas em um banco de dados. Ele estava em beta há algum tempo e foi disponibilizado para o público recentemente, mas me comportei.

Tomei a difícil decisão de nem olhar para o Bases durante todo esse tempo porque estava aqui imerso em diversos projetos e sabia que se eu começasse a brincar com uma novidade dessas, eu nunca mais iria parar. Dito e feito. Hoje, comecei a investigar o recurso e, quando percebi, já tinham se passado algumas horas. Mas foi incrível. Já me ocorreram tantas ideias! Estou impressionado.

Obviamente, vou publicar diversos vídeos a respeito, mas ainda quero me familiarizar um pouco mais com as principais funcionalidades. Abaixo um pequeno teste demonstrando uma tabela criada com base em duas notas onde adicionei a data, quantidade de litros abastecidos, o total pago, o local onde abasteci e o título da nota.

Todas essas informações são propriedades e foi super simples montar um filtro para gerar a tabela acima. Outro detalhe importante é que essa tabela pode ser inserida em qualquer nota, como fazemos com diversos elementos do Obsidian.

Mas estou também testando algo mais avançado. Quero encontrar uma forma de filtrar tudo que está na minha Timeline sem precisar me preocupar com a estrutura de pastas que criei para viabilizar o Timeline System no Obsidian. Falei um pouco sobre isto no vídeo abaixo.

Enfim, o Bases representa um incrível avanço em termos de organização de informações no Obsidian.


O recurso Modelos de Cartão (Templates) do #Trello, quando bem usado, pode fazer com que um bom quadro #Kanban fique ainda mais eficiente. Aprenda como usar e descubra o que recomendo a meus alunos.


Tantas ideias!

São tantas ideias que brotam diariamente na minha cabeça, que precisei criar um quadro no Trello para controlar a produção de vídeos. E como ideias geram mais ideias, vou usar este quadro para uma aula do curso Workflow-C. Há dias venho pensando em como criar um exemplo prático e hoje tive o clique.

Esse quadro é perfeito para isso. É um quadro real, que usa praticamente todos os ensinamentos (aulas) que estou produzindo para o curso.

Aliás, se você está curtindo o conteúdo que venho publicando no canal e ainda não é um colaborador no Patreon, pense na possibilidade de se tornar um membro. Você sabia que escolhendo a opção “Cafezinho”, você contribui com o equivalente a um café por mês e tem acesso a salas de chat e a todos os vídeos que publico no YouTube, mas sem anúncios?


⁣Recentemente, fiz alguns ajustes em dois dos meus cofres no #Obsidian e me pareceu uma ótima oportunidade para demonstrar, em tempo real, como implemento o Timeline System.